terça-feira, 16 de setembro de 2014

Estão aí alguns textos produzidos a partir das discussões sobre o funk ostentação com ilustrações do Millôr Fernandes (com exceção de uma tirinha da Mafalda que não resisti colocar):





   O funk ostentação é uma adaptação paulista ao funk carioca. Nesta nova vertente, a exaltação do consumo e todos os prazeres que o luxo pode proporcionar toma lugar central nas letras das músicas.
   Os cantores deste gênero sofrem críticas assíduas por serem de origem pobre e suas músicas serem totalmente o oposto da realidade que vivem ou da qual vieram. 


   Isso pode ser interpretado como a voz dos jovens mais pobres na tentativa de se inserir no mercado do consumo, que exclui e inferioriza os que não podem segui-lo. Porém, também pode influenciar de maneira negativa quando o luxo vira idealização, e para obtê-lo vale qualquer preço.

Julia Micaela Balen






   O funk é um estilo musical originado de outros estilos com influências de várias outras batidas e ritmos. Mas o que a maioria das pessoas dizem, é que o funk não é cultura, entre outras coisas, pois eu acho que o funk é cultura sim, exatamente por se originar de outros ritmos e por ter sido “inventado” ou “descoberto” há tanto tempo atrás. Apesar de ter mudado um pouco, a aneira de fazer funk, na verdade, há evoluções. Tudo muda, não é mesmo?
   É um estilo musical como qualquer outro, e cio qualquer outro há quem goste e quem deteste. Há quem escute , como pessoas que gostam de frequentar baladas, e há quem abomine, como por exemplo: a igreja como um todo.
   As pessoas precisam abrir mais suas mentes e entenderem que nós somos iguais, mas mesmo assim, diferentes, por não gostarmos das mesmas coisas, opinarmos e pensarmos diferente. Nem todo mundo é igual. E precisamos entender isso definitivamente para acabar com certos tipos de preconceito.


Laryssa Xavier Pinheiro Costa





   O funk está muito mais presente na comunidade de hoje, e a cada dia influencia muito mais jovens.
   Antigamente os funks eram considerados leves em comparação aos de hoje em dia. Eles falavam mais sobre a vida, e a forma como viviam na comunidade. Porém, hoje o funk faz muita apologia as drogas, sexo, e muitas vezes nem sabem o que fazem, simplesmente “acham” que falando sobre mulheres, carros e dinheiro chegarão ao sucesso absoluto.

   Este funk, conhecido como “ostentação” mostra aos jovens como pode-se ter dinheiro fácil, viver no luxo e rodeado de mulheres. Mas esta é a forma totalmente errada para se fazer funk. Pois, como podemos ver, muitos jovens se baseiam nisso, e por não terem condições de viver desta forma, se sentem deslocados desta “sociedade” e esta muitas vezes podem levar os jovens ao furto, ao crime, etc.

   Dentro deste funk, eles deixam muito claro que as mulheres para eles são meros objetos sexuais, e deixam a desejar, e insinuam que para ter mulheres daquele jeito, é necessário dinheiro, carros caros, roupas de marca, etc. Mas desta forma também insinua que mulheres que se expõem  de tal forma estão ali por dinheiro, fama, ...
   Se há tantos jovens que se baseiam no funk, na minha opinião, eles deveriam maneirar, e ter mais respeito ao seu público, e talvez amenizar as apologias que fazem, mostrar um lado mais cultural, como antigamente.

Letícia Fernanda

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O mundo funk ostentação


O título acima é uma paráfrase de um livro de Hermano Viana, jornalista e antropólogo que escreve sobre o funk no Brasil desde a década de 1970. 

E a primeira pergunta que deve vir a mente de um ser qualquer é:  “o que leva alguém a escrever, estudar  o funk”?

Em seu livro ele conta que se interessou pelo tema por querer entender como um ritmo atraía tantas pessoas, e ao mesmo tempo sem que ninguém da Zona Sul carioca tivesse notado a existência. Confessa ainda que mesmo indo aos bailes para pesquisar, o que mais motivava era que tudo aquilo o divertia. 



Hermano Viana ainda hoje é uma das maiores referências ao se falar de funk ou de música de periferia como um todo. (veja site de Viana com escritos sobre funk – atenção a um sobre funk ostentaçãoReferência 1). Mas hoje ele já não é mais o único a estudar o funk. Outros exemplos aquiaqui ou aqui.

Mais recentemente, temos o fenômeno do funk ostentação, que recria um universo a parte para além do funk carioca. Mais que o ritmo contagiante, chama a atenção de qualquer observador o fato de serem jovens de periferia se comportando de uma maneira não condizente com o que esperam que seja a sua realidade, falando de carros, de camarotes, de marcas. (“É classe A cara, é bonito de se ver”). Este universo pode ser mais bem compreendido com o documentário “Funk Ostentação – o filme” (Referência 2).




Na música “Tá patrão” de Mc Guime, por exemplo, vemos toda uma narração de como se arrumar e se comportar para se nivelar a um patrão. 

Para os que se descontentavam com o funk afirmando que este fazia apologia a violência e abusava da sexualidade, esta é uma opção. E na mesma medida em que há milhões de visualizações desses videoclipes postados no youtube, há muitas críticas a esses posicionamentos.





Muito se pode discutir ao repensar esse estilo musica: o que ele representa, a realidade dessas periferias e as perspectivas de quem ali vive, as possibilidades de consumo cultural a partir desses ritmos, o que esses jovem produzem e promovem enquanto bens culturais. O programa Câmara Ligada discute alguns desses temas de aceitação e preconceitos com o funk, da música como uma produção cultural. (Referência 3)



Mais do que ficar naquelas discussões vazias se funk é ou não música, se é bom ou não, o que importa é que por trás dos ouvidos que escutam exista alguém reflita sobre os significados. O que faz a reflexão não é o objeto de observação, e sim quem o observa.